Quando eu tinha 16 anos, fui convidado para ser professor de catecismo de crianças de 9 e 10 anos.
Eu me esforçava para tornar as aulas o mais atraente possíveis com jogos de futebol, brincadeiras na capela, por falta de experiência e para espanto das catequistas mais velhas e visitava as famílias para falar sobre a importância dos sacramentos.
Eu posso dizer que me divertia bastante com as crianças. Dois meninos depois me convidaram para ser padrinho de Crisma deles.
Mas me incomodava a dúvida de que eu estaria induzindo elas de alguma forma a acreditarem na minha fé e se isso não seria injusto com a liberdade delas.
Para harmonizar essas dúvidas com a necessidade de dar as aulas, eu tentava falar muitas vezes sobre a liberdade de escolha e de que eles não eram obrigados a participar.
No final de uma das aulas, uma aluna, Bruna, ficou me esperando no final da catequese, pediu para falar comigo.
No final da aula ela estava ela ainda me esperando e me disse:
“Professor, lembra quando o “senhor” falou que tudo que a gente pedisse com fé, Deus atenderia?”. “Lembro”, disse. Em todos os encontros fazíamos uma oração inicial e final muito simples. Dizia para as crianças que pedissem as coisas a Deus com simplicidade e confiança. Elas apresentavam suas intenções, rezávamos o Pai-Nosso, o Vinde Espírito Santo e uma Ave-Maria. E então me disse:
“Então, eu estava andando com a minha mãe e a Larissa (outra aluna) e aí eu disse, vamos tentar fazer aquilo que o professor falou?”. E ela relatou que depois de dizerem isso e começarem a rezar enquanto passeavam, ela sentiu “um amor muito grande e um desejo muito forte de ajudar os pobres, disse ainda que ficou com as “pernas moles” e que não conseguia sair do lugar, tanto que ela acabou ficando para trás junto com a amiga, que começou a rir dela pelo fato dela não conseguir andar. E depois de me contar isso, ela me perguntou: “Professor, é Deus?”.
No final de uma das aulas, uma aluna, Bruna, ficou me esperando no final da catequese, pediu para falar comigo.
No final da aula ela estava ela ainda me esperando e me disse:
“Professor, lembra quando o “senhor” falou que tudo que a gente pedisse com fé, Deus atenderia?”. “Lembro”, disse. Em todos os encontros fazíamos uma oração inicial e final muito simples. Dizia para as crianças que pedissem as coisas a Deus com simplicidade e confiança. Elas apresentavam suas intenções, rezávamos o Pai-Nosso, o Vinde Espírito Santo e uma Ave-Maria. E então me disse:
“Então, eu estava andando com a minha mãe e a Larissa (outra aluna) e aí eu disse, vamos tentar fazer aquilo que o professor falou?”. E ela relatou que depois de dizerem isso e começarem a rezar enquanto passeavam, ela sentiu “um amor muito grande e um desejo muito forte de ajudar os pobres, disse ainda que ficou com as “pernas moles” e que não conseguia sair do lugar, tanto que ela acabou ficando para trás junto com a amiga, que começou a rir dela pelo fato dela não conseguir andar. E depois de me contar isso, ela me perguntou: “Professor, é Deus?”.
E eu disse: “Sim, Bruna, é Deus”.
Eu fiquei imensamente feliz e comovido de Deus se permitir responder assim a uma dúvida minha. E ainda por conceder esta graça tão grande a uma criança.
Em outras ocasiões novamente tive dúvidas interiores a respeito da relação entre liberdade e fé. Mas este fato serviu para mim como um sinal, de que a fé não viola a liberdade das crianças, pelo contrário.
É claro que para mim este fato serviu como base para justificar o ensino religioso e a catequese para as crianças, mas não pretendo apresentá-lo como argumento para um debate público sobre o tema, afinal, esta aí uma experiência que não pode ser acessada por todos e verificada, por assim dizer, empiricamente.
Mas entendo que o efeito positivo da vida da fé nas crianças pode ver verificado por outras consequências, essas acessadas por todos, como saúde psicológica e o bem-estar em geral das crianças.
Ocorreram ainda dois outros fatos interessantes nos dois anos em que dei aulas de catequese.
Era costume da paróquia naquela época pedir que as crianças contribuíssem com uma taxa (bem pequena, é verdade) antes de receberem o sacramento. Ninguém iria negar o acesso ao sacramento caso uma criança não pudesse contribuir, mas isso me incomodava. Escrevi aos pais das crianças que todos aqueles que quisessem poderiam contribuir com o valor que quisessem. Alguns contribuíram com um valor menor, outros com um valor menor ao que tinha sido inicialmente pedido pela paróquia. No final, eu arrecadei exatamente o valor que a paróquia havia solicitado para o total da turma.
Eu ainda me preocupava naqueles dias com o que eu achava falta de liberdade e uma péssima didática, que hoje percebo serem mais os efeitos das ideologias da época sobre mim do que propriamente um problema e ensinava os alunos com diversos métodos alternativos e apresentava os conteúdos de forma não muito linear.
Certo dia, o coordenador dos professores ficou preocupado se eu estava afinal ensinando o conteúdo correto para os alunos, que eram os 10 mandamentos, e foi, com muito jeito, depois da "denúncia" de um pai por meus métodos alternativos, checar na minha aula se os alunos haviam aprendido. Para minha surpresa eles sabiam os mandamentos em ordem.
Para mim isto foi uma sinal de como a Providência de Deus supre nossas limitações e nos socorre, já que eu nunca havia ensinado os alunos daquela forma. Eu fiquei surpreso quando eles lembraram dos mandamentos em ordem.
Essas são coisas que eu guardo no coração, como preciosos sinais. Eu não quero impô-los a ninguém, obviamente, mas acredito que não seria justo não compartilhar, ainda mais em nossa época em que todas essas coisas são desafiadas pela cultura contemporânea.
Em outras ocasiões novamente tive dúvidas interiores a respeito da relação entre liberdade e fé. Mas este fato serviu para mim como um sinal, de que a fé não viola a liberdade das crianças, pelo contrário.
É claro que para mim este fato serviu como base para justificar o ensino religioso e a catequese para as crianças, mas não pretendo apresentá-lo como argumento para um debate público sobre o tema, afinal, esta aí uma experiência que não pode ser acessada por todos e verificada, por assim dizer, empiricamente.
Mas entendo que o efeito positivo da vida da fé nas crianças pode ver verificado por outras consequências, essas acessadas por todos, como saúde psicológica e o bem-estar em geral das crianças.
Ocorreram ainda dois outros fatos interessantes nos dois anos em que dei aulas de catequese.
Era costume da paróquia naquela época pedir que as crianças contribuíssem com uma taxa (bem pequena, é verdade) antes de receberem o sacramento. Ninguém iria negar o acesso ao sacramento caso uma criança não pudesse contribuir, mas isso me incomodava. Escrevi aos pais das crianças que todos aqueles que quisessem poderiam contribuir com o valor que quisessem. Alguns contribuíram com um valor menor, outros com um valor menor ao que tinha sido inicialmente pedido pela paróquia. No final, eu arrecadei exatamente o valor que a paróquia havia solicitado para o total da turma.
Eu ainda me preocupava naqueles dias com o que eu achava falta de liberdade e uma péssima didática, que hoje percebo serem mais os efeitos das ideologias da época sobre mim do que propriamente um problema e ensinava os alunos com diversos métodos alternativos e apresentava os conteúdos de forma não muito linear.
Certo dia, o coordenador dos professores ficou preocupado se eu estava afinal ensinando o conteúdo correto para os alunos, que eram os 10 mandamentos, e foi, com muito jeito, depois da "denúncia" de um pai por meus métodos alternativos, checar na minha aula se os alunos haviam aprendido. Para minha surpresa eles sabiam os mandamentos em ordem.
Para mim isto foi uma sinal de como a Providência de Deus supre nossas limitações e nos socorre, já que eu nunca havia ensinado os alunos daquela forma. Eu fiquei surpreso quando eles lembraram dos mandamentos em ordem.
Essas são coisas que eu guardo no coração, como preciosos sinais. Eu não quero impô-los a ninguém, obviamente, mas acredito que não seria justo não compartilhar, ainda mais em nossa época em que todas essas coisas são desafiadas pela cultura contemporânea.