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A BELEZA DA AMIZADE

São Stanislau Kotska nasceu na Polônia, por volta de 1550, filho de família nobre. Desde pequeno se destacou por se interessar pelas coisas santas e pela vida inocente. Conta-se que certa vez, quando criança, ao ouvir um homem falar mal da Igreja e de Deus sofreu um desmaio, tamanho o mal-estar que esse assunto lhe causava. Hoje já iriam dizer que ele era um desequilibrado emocional, que temos que saber conviver com opiniões diferentes, não importando se na verdade não são opiniões, mas ofensas, e iriam até esquecer que estamos falando de uma criança...porque, infelizmente, nos dias de hoje, quando falamos de tudo que é puro e inocente, as pessoas tremem, se irritam e atacam. Mas muitas ainda se alegram.

Entre os fatos da vida dele, diz-se que certa vez, achando que ia morrer, pediu para receber um Padre e assim poder receber a Extrema Unção e o Viático. O dono da hospedaria, disse que se um padre pisasse ali, colocaria ele e o seu irmão na rua. São Stanislau rezou a Deus e vieram dois anjos e Santa Bárbara e lhe trouxeram eles mesmos a comunhão. Apareceu-lhe ainda a Virgem com o Menino-Deus no colo, que subiu nos seus braços e o afagou. E Nossa Senhora lhe pediu para entrar na Companhia de Jesus, os jesuítas.

Como o pai pensasse para ele um grande futuro político, era contra sua vocação religiosa. E como seu pai era importante, alguns religiosos temiam recebê-lo sem a sua autorização e criar um problema político, e por isso lhe fecharam as portas. Sem desanimar, Stanislau fugiu e foi de Viena à Alemanha a pé, onde foi recebido por São Pedro Canísio. Grande Santo que converteu várias cidades que haviam caído no protestantismo de volta ao catolicismo. E São Pedro Canísio, achando que a Alemanha ainda não era segura para ele, mandou-o para Roma, sob os cuidados de São Francisco Borja.

Fico imaginando quando o olhar de São Pedro Canísio pousou sobre São Stanislau. Deve tê-lo achado um jovem impressionante, com uma luz diferente e depois, ouvindo-o contar sua história, seu coração deve ter se aquecido de alegria e ele deve ter desejado fazer tudo o que estava a seu alcance para fazer este jovem ainda mais santo. Deve ter sido uma alegria imensa. Depois mandá-lo da Alemanha a Roma, atravessando a Europa naufragada em guerras depois da Revolução Protestante, deve ter lhe trazido à mente e ao coração um misto de coragem, bravura e também ternura por aquele mais jovem. Também admiração e alegria por ver assim um jovem filho da Igreja indo tão bem.


São Francisco Borja, depois de recebê-lo e lhe examinar bem, fitando-o e refletindo sobre o que via e sentia, deve também ter sentido uma grande alegria por ter tido a imensa graça de receber um jovem assim tão excelente na sua família religiosa. Imagino que não conversaram muito, mas o suficiente. Afinal, eram tempos de guerra. Por um lado, a Igreja parecia desmoronar por dentro, por outro a queriam derrubar por fora. Os cumprimentos devem ter ficado para o Céu. De onde ainda batalham ainda mais do que antes por nós. Mas quando na Glória receberem seus corpos ressurretos, eu penso que uma das primeiras coisas que farão será se abraçarem. E agradecerem um ao outro por terem se servido mutuamente de escada para a eternidade. E então poderão levar à plenitude a amizade que começaram. 

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