Um excerto dessa belíssima obra
São Paulo, apaixonado por Jesus Cristo diz com razão: "A caridade de Cristo nos constrange". E ele se refere não tanto ao que Cristo sofreu, mas ao amor que nos mostrou no seus sofrimentos. É isto que nos obriga e quase nos força a amá-lo. Sobre isto diz São Francisco de Sales:
"Jesus Cristo, verdadeiro Deus, amou-nos até sofrer por nós a morte na cruz. Não é isto como que ter nosso coração debaixo de uma prensa? Como que senti-lo apertado com vigor e espremer amor com uma força que é tanto mais forte quanto mais amável? Eu o abraçarei, deveríamos dizer não o abandonarei jamais, Morrerei como ele, abrasar-me-ei nas chamas de seu amor. Um mesmo fogo consumirá este divino Criador e sua miserável criatura, Cristo se dá todo a mim e eu me entrego todo a Ele. Viverei e morrerei sobre o seu Coração: nem a vida, nem a morte me separarão dEle. Ó Amor Eterno, minha alma vos busca e me acolhe para sempre. Vinde Espírito Santo, inflamai os nossos corações no vosso amor. Ou amar ou morrer!"
Quem pôde, alguma vez, levar Deus a morrer condenado numa cruz entre dois criminosos, com tanta vergonha para sua grandeza de Deus? Quem fez isto? pergunta São Bernardo. E responde:
"Foi o amor, que esqueceu sua dignidade"
O amor quando procura fazer-se conhecido, não leva em conta aquilo que mais convém à dignidade da pessoa que ama, mas o que mais conduz manifestar-se à pessoa amada.
São Lourenço Justiniano dizia: "Vimos a própria sabedoria, o Verbo Eterno enlouquecido por excessivo amor pelos homens."
Tomando nas mãos um crucifixo, Santa Maria Madalena de Pazzi exclamava admirada: "Sim, Jesus, vós estais louco de amor. Eu o digo e sempre direi, estais louco de amor
São João de Ávila (...) expressa esses ardentes sentimentos (...): Ele mesmo disse a seus discípulos na Quinta-Feira Santa: "Para que o mundo saiba que amo o Pai: levantai-vos, vamos".
- Mas para onde?
- Morrer pelos homens, na cruz!
Estes são trechos do primeiro capítulo de A Prática do Amor a Jesus Cristo de Santo Afonso de Ligório, de 1768. É belíssimo, um tesouro precioso a ser lido e relido várias vezes. É belíssimo ver este homem santo embevecido com o que outros santos escreveram sobre o amor a Jesus. E a compilação que ele fez ficou tão bela, e talvez mais bela, do que aquilo que disseram os santos, a constelação vale mais que as estrelas.
Santo Afonso é doutor da Igreja (santos cujos escritos são tidos como válidos para a instrução de todos os fieis e considerado o maior moralista (do ensino da ética, da moral) da Igreja.