Ainda sobre a Maioridade Penal

Uma das discussões de fundo nessa questão da maioridade penal é a real responsabilidade que os adolescentes têm por seus atos. E como os temos tratado de maneira infantilizada.

Lembro de um comercial do exército brasileiro que fazia uma associação entre a vida militar e um jogo de videogame. 

Quando a propaganda governamental assume que os adolescentes não pensam em outras coisas que não sejam sexo, festas e diversão, tentando tornar tudo o mais lúdico possível, não os está desprezando como pessoas? Será que são assim tão incapazes de coisas grandiosas, de gestos gratuitos e belos? 

E não estaria aí parte do tédio e da tristeza pelos quais passam muitos adolescentes, a ausência daquela saudável tensão entre o que somos e o que nos desafia, que nos mantém vivos?

Lembro de uma visita que fiz à Fundação Salvador Arena. Fique surpreso com o silêncio das salas de aula e mais ainda por encontrar um doutorando em física da USP sendo auxiliado por dois alunos do ensino médio devido aos conhecimentos destes de eletrônica. 

Lembro ainda de projetos da Junior Achievement em que adolescentes desenvolveram produtos bastantes interessantes e mesmo uma forma de evitar contaminação de lençóis freáticos. E lembro ainda da seriedade grave de profunda de jovens em projetos da Igreja Católica. 

Não desprezemos nossos adolescentes. Eles podem dar grande contribuição à sociedade na geração de bens e serviços e no desenvolvimento de novas tecnologias. Como diz a regra dos monges beneditinos: “É comum Deus se revelar aos mais jovens”. Então penso que devemos tratá-los com seriedade.

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